Em debate realizado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), Sami Hassuani, admitiu que o setor passa por um momento de “grandes incertezas”, devido ao contingenciamento feito pelo governo em todos os programas do setor.
Como ressaltou o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que sugeriu o debate, a área foi bastante incentivada pelo governo a partir da gestão do ex-ministro Nelson Jobim (2005-2011), mas agora sofre as fortes conseqüências da “irresponsabilidade fiscal em todas as áreas”.
— São centenas, milhares de empresas que acreditaram nesses projetos, e agora estão na mão. Esse é um setor, com a exceção dos grandes exportadores, que depende essencialmente de um cliente único: o governo — ressaltou o senador.
Cadeia produtiva
Hassuani confirmou que a cadeia produtiva ficou bem mais dinâmica a partir da prioridade dada pelo governo desde 2003. O setor caminhou “muito bem” até meados de 2013, mas as restrições fiscais criadas ameaçam o “muito do que foi desenvolvido nestes últimos anos”.
— A gestão do conhecimento não é como a área mineral ou petrolífera. Se há descontinuidade, impera a obsolescência tecnológica e a perda de mercado e de recursos humanos — alertou Hassuani, lembrando que “o conhecimento não volta e muitas empresas podem falir”.
Ele disse que as únicas companhias que não estão em crise são as grandes exportadoras, como a Embraer e a Avibras. Por isso, pediu ao Congresso Nacional que priorize a área na votação do Orçamento para o ano que vem.
“Livro Branco”
Ferraço afirmou que prepara, juntamente com a relatoria da política pública da Defesa para este ano, uma nova versão do “Livro Branco” desta área, a ser apresentado pelo Senado.
O senador se disse “assustado” com o fato do atraso em programas como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) não provocar indignação. Ele destacou também o papel de investimentos nessa área para a geração de empregos e renda, além do ganho em segurança pública.
— Se priorizarmos mais o combate ao tráfico e outros crimes já nas fronteiras, isso aliviará a carga nas grandes cidades — explicou Ferraço, lembrando que grande parte da droga vendida no Brasil é produzida fora.
Impacto no PIB
Ele defendeu um maior investimento do Brasil em defesa, comparando os gastos nacionais no setor (3,7% do produto interno bruto) com os da França (15% do PIB). Esse aumento traria bom retorno econômico, completou Said Hassuani, que mostrou aos senadores estudo da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe), ligada à Universidade de São Paulo, demonstrando o “impacto positivo” da cadeia produtiva do setor.
O estudo demonstra que a cada R$ 10 milhões investidos em alta tecnologia na área, há um impacto da ordem de R$ 18,6 milhões, com 175 empregos diretos. Em relação aos efeitos indiretos, haveria ganhos de R$ 33,4 milhões, com 352 novos postos de trabalho e um grande impacto no PIB.
— Cada real investido na Defesa gera R$ 10 em exportações. Isso é verificável — disse.
Ele ressaltou que o que mais “assustou” o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto e os demais economistas que avalizaram o estudo foi o fato de se estar gastando bem mais no país em segurança privada do que na Defesa do país.
— Uma quantidade enorme de jovens fazendo a segurança de empresas, empresários e políticos, em vez de estarem alocados para o setor produtivo da economia — ressaltou, admitindo que tal só se dá devido à falência da segurança pública.
Legislação
Já o economista Renato Galvão, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), manifestou preocupação com o estado atual da Defesa, em especial com a estagnação nos programas Sisfron e Prosub.
Galvão sugeriu que o Congresso Nacional flexibilize algumas exigências que as empresas estatais precisam cumprir, que acabam por dificultar o dinamismo de sua atuação e a inserção nos mercados.
O economista considera “inevitável” que o setor também sofra com a crise, pois a Defesa “não pode e não deve” ser vista como algo descolado do restante do país. Lembrou que alguns dos grandes exemplos de sucesso da indústria bélica, como os tanques Urutu e Cascavel, nasceram de projetos simples porém muito bem concebidos e executados.
Ele não vê como certa a suposição de que a retomada dos investimentos gerará grandes ganhos em exportação, mas observou que o país exporta menos do que pode, por isso, e deveria olhar com “maior carinho” os mercados sul-americano e africano.
Segundo o Ministério da Defesa, o Brasil já ocupou o oitavo lugar no mercado mundial de produtos de defesa, que movimenta, por ano, cerca de US$ 1,5 trilhão.
— Esse é um mercado muito competitivo, e alguns grandes países têm diminuído seus orçamentos.
Galvão defendeu ainda o estabelecimento de parcerias inteligentes com outras nações, e que hoje sai bem mais barato importar diversos insumos do que produzi-los aqui.
— Quem alimenta a Defesa hoje é a indústria civil — afirmou.
FONTE: Agência Senado / Forças Terrestres www.forte.jor.br
Como ressaltou o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que sugeriu o debate, a área foi bastante incentivada pelo governo a partir da gestão do ex-ministro Nelson Jobim (2005-2011), mas agora sofre as fortes conseqüências da “irresponsabilidade fiscal em todas as áreas”.
— São centenas, milhares de empresas que acreditaram nesses projetos, e agora estão na mão. Esse é um setor, com a exceção dos grandes exportadores, que depende essencialmente de um cliente único: o governo — ressaltou o senador.
Cadeia produtiva
Hassuani confirmou que a cadeia produtiva ficou bem mais dinâmica a partir da prioridade dada pelo governo desde 2003. O setor caminhou “muito bem” até meados de 2013, mas as restrições fiscais criadas ameaçam o “muito do que foi desenvolvido nestes últimos anos”.
— A gestão do conhecimento não é como a área mineral ou petrolífera. Se há descontinuidade, impera a obsolescência tecnológica e a perda de mercado e de recursos humanos — alertou Hassuani, lembrando que “o conhecimento não volta e muitas empresas podem falir”.
Ele disse que as únicas companhias que não estão em crise são as grandes exportadoras, como a Embraer e a Avibras. Por isso, pediu ao Congresso Nacional que priorize a área na votação do Orçamento para o ano que vem.
“Livro Branco”
Ferraço afirmou que prepara, juntamente com a relatoria da política pública da Defesa para este ano, uma nova versão do “Livro Branco” desta área, a ser apresentado pelo Senado.
O senador se disse “assustado” com o fato do atraso em programas como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) não provocar indignação. Ele destacou também o papel de investimentos nessa área para a geração de empregos e renda, além do ganho em segurança pública.
— Se priorizarmos mais o combate ao tráfico e outros crimes já nas fronteiras, isso aliviará a carga nas grandes cidades — explicou Ferraço, lembrando que grande parte da droga vendida no Brasil é produzida fora.
Impacto no PIB
Ele defendeu um maior investimento do Brasil em defesa, comparando os gastos nacionais no setor (3,7% do produto interno bruto) com os da França (15% do PIB). Esse aumento traria bom retorno econômico, completou Said Hassuani, que mostrou aos senadores estudo da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe), ligada à Universidade de São Paulo, demonstrando o “impacto positivo” da cadeia produtiva do setor.
O estudo demonstra que a cada R$ 10 milhões investidos em alta tecnologia na área, há um impacto da ordem de R$ 18,6 milhões, com 175 empregos diretos. Em relação aos efeitos indiretos, haveria ganhos de R$ 33,4 milhões, com 352 novos postos de trabalho e um grande impacto no PIB.
— Cada real investido na Defesa gera R$ 10 em exportações. Isso é verificável — disse.
Ele ressaltou que o que mais “assustou” o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto e os demais economistas que avalizaram o estudo foi o fato de se estar gastando bem mais no país em segurança privada do que na Defesa do país.
— Uma quantidade enorme de jovens fazendo a segurança de empresas, empresários e políticos, em vez de estarem alocados para o setor produtivo da economia — ressaltou, admitindo que tal só se dá devido à falência da segurança pública.
Legislação
Já o economista Renato Galvão, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), manifestou preocupação com o estado atual da Defesa, em especial com a estagnação nos programas Sisfron e Prosub.
Galvão sugeriu que o Congresso Nacional flexibilize algumas exigências que as empresas estatais precisam cumprir, que acabam por dificultar o dinamismo de sua atuação e a inserção nos mercados.
O economista considera “inevitável” que o setor também sofra com a crise, pois a Defesa “não pode e não deve” ser vista como algo descolado do restante do país. Lembrou que alguns dos grandes exemplos de sucesso da indústria bélica, como os tanques Urutu e Cascavel, nasceram de projetos simples porém muito bem concebidos e executados.
Ele não vê como certa a suposição de que a retomada dos investimentos gerará grandes ganhos em exportação, mas observou que o país exporta menos do que pode, por isso, e deveria olhar com “maior carinho” os mercados sul-americano e africano.
Segundo o Ministério da Defesa, o Brasil já ocupou o oitavo lugar no mercado mundial de produtos de defesa, que movimenta, por ano, cerca de US$ 1,5 trilhão.
— Esse é um mercado muito competitivo, e alguns grandes países têm diminuído seus orçamentos.
Galvão defendeu ainda o estabelecimento de parcerias inteligentes com outras nações, e que hoje sai bem mais barato importar diversos insumos do que produzi-los aqui.
— Quem alimenta a Defesa hoje é a indústria civil — afirmou.
FONTE: Agência Senado / Forças Terrestres www.forte.jor.br
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